segunda-feira, maio 28, 2007

sonhei com a morte

"Era um dia quase normal de família, todos reunidos e tudo normal. Então algo estranho no ar, um clima pesado. Os humores mudaram, havia agora um clima estratégico e gélido. Caía neve, chovia. Era tudo deserto. Somente nós na casa. Algumas discussões entre a família e intrusos. Então minha mãe está morta. Meu pai faz seu funeral sozinho com a ajuda de alguém que nem sei quem é. Mas ao invés de interra-la na terra, eles a jogam na piscina que está cheia de água gélida por causa da neve. Minha mãe embrulhada num manto esquimó de olhos fechados e tão branca quase roxa. Um golpe no coração. Certeiro. Não podia acreditar naquilo, naquela perda tão grande e repentina. Meus olhos não aguentavam ver aquilo. Olhei pro meu pai e ele mantia-se sério, impassível, grave. A respiração foi falha, mas enguli e o dia passou. Eu tinha que lidar com aquilo, o nunca mais ou pra sempre. A rotina voltou de alguma forma e ninguém sabia da morte, e muito menos do corpo na piscina. Meu pai não falava nada. Eu o observava sofrendo dentro de mim, mas de alguma forma sabia que também não devia falar. Ele naquela postura de líder irredutível, expressão austera e quase serena não fosse sua gravidade em baixo dos olhos. Aqueles dias passavam e dentro de mim mal cabia de tristeza. Fui pro meu quarto lembrando da cena. Sentei-me na cama do cômodo escuro e foi como se uma tromba d'água viesse de dentro de mim alavancando tudo pela frente. O coração acelerado, as lágrimas jorrando. Doía muito, doía demais. Então minha mãe sentou-se do meu lado e me abraçou. Abraçou carinhosamente auquele abraço materno, tão quieto aparando minhas águas."

sexta-feira, maio 18, 2007

scales, scales and scales...

Rafael Mendez -
Flight of the Bumble Bee & Mexican Hat Dance


Madeleine Peytoux - Careless Love
Olha o violão dela, um Gianini velhaço do tamanho do meu...

sábado, maio 12, 2007

primeira semana

Olá meus caros e minhas caras e coroas! Tudo certo por aqui e algumas novidades por conta da primeira viagem turnéctica da flor Hypólita.

08/05 ----- Caratinga
09/05 ---- João Molevade
10/05 ----- Itabira
Saímos da capital na segunda, dia sete, rumo a Caratinga. Mais ou menos umas seis horas de viagem, e isso porque o motorista fez um caminho bem longo. Chegamos por volta das oito horas noturnas para um jantar bacana com o pessoal da produção. No dia seguinte as atividades estavam marcadas apenas para começar às duas da tarde, e como não tínhamos muito o que fazer montamos as coisas um pouco mais cedo. A noite chegou e as pessoas vinham de todos os cantos. A apresentação correu num ritmo meio lento, a platéia não parava de falar, alguns problemas na sonorização, microfonias, interferências. E o principal, o grupo estava um pouco desunido, desconcentrado. Mas acabamos e desmontamos tudo. Por volta das onze e meia o jantar já estava sendo servido e nós todos muito cansados e tristes com a ruim apresentação do dia. Todos os problemas e as possíveis soluções eram comentando minuciosamente naquela mesa enquanto a comida ia e vinha. Fomos para os aposentos um pouco tarde, porém a programação do dia seguinte pedia pontualidade. Iríamos partir para João Molevade na próxima manhã precisamente às 8 matinais.

Carro pronto, bagagem, tudo. Chegamos com o tempo muito estranho em João Molevade. Estava um chove num chove danado e a produção estava tentando achar um plano B se caso chovesse. Almoçamos preocupados com a chuva. Depois fomos direto para a montagem do cenário. Quanto mais se avançava a tarde, os ventos se revoltavam e pareciam querer levar tudo embora. Nos preparamos mais cedo para podermos nos concentrar melhor. Uma reza e troca de energias positivas, o que não ocorreu no dia anterior e o principal fator que desencadeou uma má apresentação pela minha opinião. Apesar dos ventos e da equipe de produção quase toda ter tido que segurar o cenário, o espetáculo correu melhor que na noite anterior, mas alguns pequenos problemas técnicos ainda nos deixaram um pouco nervosos. Nada de morrer, mas erros são erros. Mas, talvez o público, mais comportado que no dia anterior, nem tenha percebido. A viagem do dia seguinte não necessitava ser tão cedo o que foi bom pra dormir um pouquinho mais. Prontos às 9 horas e rumo a Itabira.

Chegamos ao hotel e os quartos não estavam liberados ainda. Fomos almoçar e os quartos ainda estavam sendo arrumados. Fomos então ao reconhecimento da praça do dia e voltamos ao hotel para nos organizar antes da montagem do cenário. Um dia mais tranqüilo apesar do frio para o qual me encontrei desprevenida. Muitos transeuntes. Um palhaço local tentando entrar pro projeto, coitado, foi frustrado. Mentes mais relaxadas e experientes em relação à peça. Muita conversa e agilidade na montagem e preparação de tudo. À noite a concentração antes do espetáculo foi mais detalhada e mais longa. Energias mais conectadas. E correu tudo bem. A técnica toda funcionando e tudo mais. O único problema foi que uma das convidadas da platéia não quis ir até o palco e isso deve ter atrasado o espetáculo nuns cinco minutos ou mais, entretanto foi muito bom por que a platéia toda interagiu mais e mais com a peça e a história. Logo, foi o melhor dia pra nós...

Como a noite anterior acabou bem tarde depois de muitas pizzas a sexta-feira começou também mais tarde por conta de um tempinho a mais de cama para todos. Saímos às dez horas de Itabira rumo Belo Horizonte. No meio do caminho muita conversa e especulações sobre onde iríamos almoçar, mas o telefone toca e somos avisados de um acidente na BR que engarrafou quilômetro e quilômetros de estrada fazendo-nos a cortar pela cidade de Caeté. Para quem não conhece, eu explico: a estrada de Caeté é como uma montanha russa, cheíssima de curvas e muito, muito ruim de passar quando se está com muita pressa. Então já viu né?! Uma de nossas colegas até passou mal tendo que parar um pouco e tomar um Dramin. Então com a passagem por Caeté, Sabará estaria no roteiro sem dúvida. Então fiquei por cá, Sabará City. Cheguei em casa por volta das 12:50 do dia 11/05 morta de fome e tontinha ainda da estrada. ... E eu ainda não tive saco de desmontar minha mala toda, estou indo por etapas...

A peça Hypólita - uma história de amor é da Cia de Yepocá que foi patrocinada no processo de criação pelo Banco Mercantil do Brasil e está inserida no projeto Mercantil do Brasil Cultural 2007.

terça-feira, maio 01, 2007

terça insana

No último final de semana o grupo teatral da Terça Insana visitou a capital mineira para a apresentação do espetáculo Ventilador de Alegria. Bom, o combinado era que meu cunhado iria comprar os ingressos (ele trabalha em BH e tem, teria?, mais facilidade de locomoção por lá, logo, seria mais fácil pra ele comprar-me o ingresso), e eu falei com uma certa antecedência, porém ele foi comprar mesmo só um dia antes do último dia, ou seja, comprou no sábado para irmos nos domingo... O que ocorreu? Ficamos com os assentos não numerados, que se posicionam ao longo da platéia em todos os buraquinhos possíveis. Fato é que ficamos no fundo, bem perto da saída. E o bom é que como o teatro não era tão grande tive uma boa visualização dos atores... E foi muito bom!

Esse personagem eu não tive a oportunidade de ver ao vivo, mas é um dos melhores que já ví no you tube. Muito bom.