domingo, abril 12, 2009

Ser ou não ser cultural...

São comuns as indagações sobre o que é cultura, ou cultural. Toma-se, normalmente, por base a análise de alguns produtos culturais. Compara-se, por exemplo, um filme de grande sucesso popular, como "ET", e um mais "cult", como "Invasões Bárbaras". E as respostas e ponderações variam entre "esse é cultura, o outro não" e "o que é cultural ou não?". E a confusão é normal e recorrente nos mais variados meios sociais.


Partindo dessa discussão penso cá como a indústria cultural distorce as coisas. Como as pessoas não se permitem consumir produtos bons com medo de estarem se distanciando de suas raízes culturais. Ou mesmo não se permitem por acharem que é coisa chique e não pertence à sua classe social. Ok, deixe-me explicar.

Assim como pensar que "ET" não é cultura, é comum atribuir a expressão 'cult' àqueles que gostam de arte sem apelo popular. Mas, onde há a diferença entre um e outro produto? O que torna um produto mais 'cultural' que o outro? Ou o que faz pensar que existe cultura em algumas coisas e em outras não?


E a resposta está na ponta da língua. É... nada! Todos são produtos culturais. E além disso, o produto cultural não se prende à produção artística. A cultura está em todos os âmbitos e esferas sociais. E faz parte também de nossa cultura achar que um produto é ou não cultural. Então o problema aí está na noção do que é cultura.

Cultura é tudo aquilo que envolve a sociedade. Seus costumes, suas maneiras, os preconceitos, a postura diante de qualquer coisa. Tudo o que fazemos e pensamos é de acordo com a cultura na qual estamos inseridos e que ajudamos a construir e transformar. A cultura nunca está estática, sempre muda com as evoluções, o tempo e as pessoas que nela viveram e fizeram suas contribuições culturais.

Assim, não há diferenças em termos de 'quantidade' de cultura em um produto. Ou se ele é ou não é cultural. O que pode haver são diferenças em qualidade, o que não torna um produto mais cultural que o outro. E este quesito é amplamente discutido entre os mais variados meios sociais, levando muitas vezes o gosto pessoal como o critério de avaliação que mais pesa, tornando a discussão inacabável e pessoal.

Portanto (e para finalizar), recomendo a boa paciência e a mente sempre aberta. Não só para conhecer produtos culturais novos (artísticos) como também para entender o sucesso e a existência de produtos que não gostamos. Assim, coexistindo pacificamente com outras culturas e gostos culturais artísticos.

Assista "X-Men", "Todo Mundo Em pânico", "Volver", "O Exorcista" ou "9 Canções". Ouça Calipso, Pink Floyd, Chico Buarque ou Elvis presley. Conhecendo de tudo um pouco é que vamos construindo nosso senso crítico sobre o que é um bom produto cultural e o que não é. E não se sinta acanhado em dizer que um produto é bom ou ruim, afinal os critérios de avaliação são sempre pessoais (até dos críticos mais renomados!).


Um comentário:

Roginho disse...

Eu acho que há uma coisa que diferencia o chamado produto "cult" do restante: Dinheiro.

E não me manda ouvir Calipso nem de brincadeira!!! Hehehe!