quinta-feira, fevereiro 26, 2009

carna em vão

Agora vêm algumas considerações carnavalescas e um pouco de ressaca de feriado prolongado. Sinal disso é q grande preguiça de voltar ao dia-a-dia normal. Faculdade, afazeres e compromissos.

É assim, em Sabará City o carnaval de rua é um dos mais famosos da região e, creio que, não perde pra nenhuma Ouro Preto ou Diamantina. Mas eu mesma não saí fantasiada não. Preferi esse ano só ver as fantasias dos outros. E não e arrependi.

O mais comum nessas ocasiões é ver homens vestidos de peças desconectas femininas. Um horror só, rs. E ainda tem peruca, batom borrado, suor, cerveja, e papo de bêbado. Eleve isso ao quadrado (ou cubo?) e já estaremos no fim do dia. Mas não se tratando dos sem criatividade, acho que a melhor fantasia foi de namoradeira... rs.

Na verdade num tenho muito a dizer... Estava morrendo de preguiça de carnaval, mas quando saí na rua pra ver me animei de novo... E é sempre assim... rs.

Hum... de volta ao mundo real...

domingo, fevereiro 15, 2009

Her Morning Elegance - Oren Lavie

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Dois dias

Já fazem dois dias que não o vejo. Saiu pela porta nervoso. Bateu com tanta força que achei que ia desfazê-la em migalhas. O meu coração ta assim, em migalhas. E pra piorar ele some.

É que brigamos, sabe. Feio. Acho que toda briga é feia, aliás. Sabe daquelas que num tem nem culpado e as partes saem igualmente machucadas? Pois é. Foi uma dessas. São as brigas mais difíceis. Mais dilacerantes.

A casa é nova. Não, não é propriamente nova, mas é nova pra mim. Acabei de me mudar. Não dava mais pra viver com aquelas meninas. Criavam muitos problemas pra mim. Já estava entrando em colapso quando vi o anúncio no jornal. Telefonei umas três vezes pra conseguir falar com o vendedor. Foi quando ouvi a voz dele pela primeira vez.

Ele parecia gentil, suave, sabe. De primeira só gostei da voz, mas quando nos encontramos, pra ele me mostrar a casa, foi outra coisa. Outra sensação, outra... Não sei descrever. Minha pulsação aumentou e minhas pupilas se abriram atentas. Uma adrenalina controlada e profundamente prazerosa. Não havia nunca experimentado tamanha sensação. O que foi isso?!...

Então conversamos um pouco. Ele me mostrou o ambiente e me falou da vizinhança. Sem perceber eu já estava deixando os cabelos me caírem sobre os olhos charmosamente. Minha postura mudara e meu modo de falar nunca esteve tão comedido. Nem percebi, mas fazia charme pro tal moço. E ele... ele percebia.

Ele é assim mais ou menos da minha altura. Os cabelos lisos despenteados e por cortar. A barba é realmente mal feita, creio que não haja tempo. O vestuário é simples. Calça jeans e camisa de uma cor só. Nesse dia era verde, minha cor predileta. Os olhos são um pouco caídos mas com um ar de brincadeira. Nada nele parece ser pesado ou sério demais. Nada nele parece ser difícil ou ruim.

Aí meu charme deu certo. Saímos algumas vezes. Outras mais e já estávamos o suficientemente íntimos, rs. Ele é uma graça. Faz coisas que nunca vi homem nenhum fazer. Quando vem pra cá sempre me traz uma florzinha que eu boto num vasinho na sala. A casa fica mais bonita quando ele vem. O tom de amarelo de fim de tarde permeia o ambiente. Fica lindo.

Mas, faz dois dias que não o vejo. Ontem me deu a sensação de que nunca mais o verei. Hoje o fim de tarde foi azul frio. E... Um minuto, a campainha tocou. Vou ver.

... Pronto! Num preciso mais me preocupar. Ele chegou. Vamos conversar e acertar as coisas. Depois mando notícias. Bejos.



Foto: Juliana Buli

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Este texto foi inspirado num ensaio fotográfico que minha irmã, Juliana Buli, fez no Prado, bairro onde mora em BH. Visite o site dela e descubra suas outras artes.


quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Mostra de Tirandentes 2009

Eu já tinha decidido ir pra mostra deste ano ainda no fim do ano passado. Aí fiz minha singela inscrição em uma das oficinas, e meio sem acreditar que seria selecionada esperei o veredicto. Por que é assim: a gente faz a inscrição, escreve um breve currículo e os interesses, e espera ser selecionado ou não para fazer a oficina. Então na segunda semana de janeiro recebi a resposta. Fui selecionada.

Ótimo! Muito bom mesmo! Era uma oficina de muito interesse meu e a primeira vez que ia baixar em Tiradentes para curtir a sua incrível Mostra de Cinema de Tiradentes. Então planejei segundo minha curta grana possibilitava. E fui.


A oficina foi de Trilha Sonora no Cinema, com o querido David Tygel (fala-se Daví Tigél mesmo, sem sotaque gringo). Uma ótima e enriquecedora experiência. Muitas dúvidas resolvidas e pessoas interessantes conhecidas.

Muito bem, era uma mostra de cinema. Também fui ao cinema, rs. Mas infelizmente posso dizer que os filmes que vi só mesmo um longa documental me satisfez e alguns curtas. O longa foi "Hotxuá", de Letícia Sabatella e Gringo Cárdia. Ótimo conteúdo estético e intelectual.

Hotxuá é uma espécie de sacerdote do bom humor. Uma figura que tem o papel de clown dentro da tribo. Que tribo é essa? São os Krahô, situados no estado de Tocantins. O mais interessante é que nunca tinha visto isso antes, o inovador sobre o assunto do documentário, que também trata dos antigos e já tradicionais problemas dos indígenas na terra de brancos. Mas essa parte a gente quase esquece quando entra na brincadeira e começa a se deliciar com as peripécias do Hotxuá. Suas brincadeiras e o sorriso são cativantes.

Até que em certo momento um clown branco chega na tribo e ele e o hotxuá trocam figurinhas. Um momento emocionante e muito bem construído pelos realizadores do filme.
Uma visão cultural que nunca tinha visto no cinema ou mesmo na TV. E é uma coisa tão doida ver que a mesma pessoa que faz uma papel numa medíocre novela global pode fazer um produto destes. Estão de parabéns.



Além deste também vi o tal premiado no Festival de Brasilia, "Filmefobia", de Kiko Goifman. Um filme desconcertante mas não muito construtivo ou transformador para minha pessoa. Trata-se da história de um cineasta que está há anos filmando um filme sobre uma espécie de verdade: o encontro do fóbico com sua fobia. Assim cria-se várias situações em que os fóbicos entram em contato direto com os objetos pelos quais têm fobia. Uma cobra, ratos, sangue, altura, borboletas e outras coisas mais. Algumas cenas perto do terror barato, outras de dar muito nervo mesmo.



No dia seguinte, na discussão sobre o filme, depois de falar muito sobre a fobia e pouco sobre o filme, a mensagem final é de que na verdade o filme é uma grande esculhambação. Isso mesmo... Agora, esculhambação com quem? Com quê? Com aqueles filmes de terror ou com eles mesmos? Que por falta de um roteiro melhor resolveram fazer uma coisa dessas? Minha conclusão é que é um filme que se discute a verdade da cena e da interpretação, nada mais. O tema poderia ser outro, mas escolheram a fobia... uhm...

A verdade mesmo é que num consegui assistir a muitos filmes. Gostaria de ter visto mais, mas o tempo foi curto e as distâncias dificultaram, já que fiquei numa pousada linda longe do centro da cidade. Além disso, o horário da oficina competia com algumas interessantes exibições.

Mas, não menos importante ou emocionante, além dos filmes rolou muita música! Principalmente choro e samba. Num bar se encontrava todo dia uma galera pra fazer um som muito bom. E eu, de quebra, aproveitava pra me divertir tocando pandeiro ou tamborins improvisados de latinhas, rs. Muito bom.

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As outras coisas à mostra

No hall da tenda, onde fizeram uma sala de cinema com capacidade para 600 pessoas, era um ambiente de descanso e de muita paquera. Deixe-me explicar. Uma figura muito singular, do sexo feminino e aparentando já ter passado há um bom tempo dos 40 anos. Ela percorria os metros de extensão do local à caça de moços bonitos. Ao avista-los, chegava junto. Sem medo nem piedade. Uns aceitavam por educação o seu papo. Outros nem se davam o trabalho. Outros ainda pareciam gostar de receberem certa atenção e conversavam durante muito tempo.

Fato é que de rapaz em rapaz ela levava um fora. Uns mais discretos. Outros com nenhuma pena. Outros ainda só ignoravam. O problema é que a cena se repetia, de fora em fora. No fim ela se contentava com as dezenas de cães que vagavam por entre os frequentadores do local. Na noite seguinte era a mesma luta e talvez o mesmo resultado.

Na minha última noite já tinha até me simpatizado com a jovem senhora. Sua persistência inabalável me surpreendia cada vez mais. Então bati esta foto. Mas, por razões éticas fica oculta a nossa personagem.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

graveolando

Foi num dia assim, daqueles que a gente fica meio sem fazer nada. Minha irmã me veio ao telefone chamando para ir a um show gratuito tal de uma banda de nome curioso. A banda eu conhecia de nome, e o lugar já era manjado. Nos encontramos lá e meu janeiro tinha a primeira boa notícia: Graveola e o Lixo Polifônico.

O Teatro Francisco Nunes receberia casa cheia naquela noite. Posicionado num local confortável, o parque municipal, e sem interferências sonoras externas, é um dos teatros que mais gosto em BH. O show era de lançamento do disco do pessoal e parece que a divulgação foi boa, por que a cas
a simplesmente lotou.


E eu estava lá do lado de fora com minha irmã fazendo planos sonoros e imagéticos quando finalmente as portas foram abertas. Nos sentamos num lugar relativamente distante do palco, mas não menos bom. E aos primeiros acordes e efeitos sonoros já sentia que seria uma bela apresentação.

Foi assim, com o som do mar através de um teclado, sinserros e copinhos descartáveis... Imagens, filmes, fotos projetado ao fundo
acompanhando os sons. Um violão, uma flauta e o clima estava todo ali. Dando os primeiros passos de uma bela canção. "Do Alto" começou e eu arrepiei. Mas aquele arrepio bom, que a gente sente quando toca fundo... mesmo que seja do alto...

Foi assim... mas o que eu não podia imaginar (talvez por desconhecer a existência da banda e da personalidade de suas outras músicas) é que aquele clima não era para sempre. Soava muit
o sério. Não parecia, afinal, mais um lixo polifônico. Então vieram sambas, boleros e tangos... Muita escaleta e percussão pra não se botar defeito. Talvez seja essa a 'Graveola' do grupo...

Já o 'Lixo Polifônico' fiquei a matutar. Escutando o álbum em casa pude perceber algo mais que no show, em alguns momentos, passava despercebido. Trechos ou referencias gritantes de canções conhecidíssimas, como "Chovendo na Roseira" de Tom Jobim, tangos do Piazzola, "Garçom" do Reginaldo Rossi, canções de domínio popular e outras que nem sei agora... Ao ler algo a mais no site do pessoal essa conclusão ficou justificada com as próprias palavras dos gravioleiros.

Penso então se essa escolha sonora foi realmente uma coisa estudada e friamente calculada. Ou se transformou nisso pelo fato dos tais compositores perceberem tamanha presença de suas influencias sonoras nas respectivas composições. Assim, com medo de dar nome a algo que já existe
e chamar de seu resolveram dar essa justificativa... Penso. Não sei. E na verdade não quero saber. Deve ser daquelas coisas que descobrimos mesmo só em análise, rs. Mas gostei da idéia toda, rs...


Fato é que o som do Graveola é bom e altamente recomendável. É tudo de uma estética por mim invejável... rs. O cd então... tem uma capinha muito fofa, rs.

É isso. Ouçam. Comprem. Vão aos shows!