domingo, agosto 30, 2009

Fofocando no palco (e atrás dele)

Em casa posso dizer que sempre fui a filha mais musical da família. Quando meus pais recebiam amigos músicos sempre ficava na cola deles curiosa com suas músicas e instrumentos. O tempo passou, eu cresci e vivi muitas coisas que hora me aproximavam da música, hora me distanciavam dela. Mas nos últimos anos, desde que comecei a "fofocar" não pude mais deixar de lado parte tão forte na minha vida.

No começo deste ano gravei, bem caseiramente, algumas canções minhas numa experiência particular. Utilizei os instrumentos que estavam ao alcance. Desafinei, desritmei, gravei milhões de faixas só para compor um coral. Assim, deixei minha imaginação musical se concretizar aos poucos e sem vergonha de errar, rs.

O que não imaginava era que em seio familiar tais canções fizessem sucesso ou mesmo que despertassem a antiga vontade de ter de verdade uma carreira musical. Com as tais gravações fui conquistando mais ouvintes e surpreendendo antigos. E, percebendo a receptividade e reconhecendo a qualidade delas, resolvi levar adiante e mostrar cada vez mais para outras pessoas. Os frutos têm sido mesmo muito bons.

Alguns desses frutos foram as últimas apresentação da Fofoca Erudita. Uma foi no Festival Escambo e a outra foi o último show, no projeto que este blog acompanhou (e acompanha) nas últimas 3 edições. Trata-se do Sabará Musical.
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Na última quinta feira abrimos a apresentação do Coletivo América Contemporânea, uma iniciativa escabeçada pelo músico Benjamim Taubkin que "propôe um novo processo de interação e inspiração" entre as diversas culturas latino americanas. O grupo é formado por 9 músicos de 7 países da América do Sul e surgiu a partir de uma "inquietação com o isolamento do Brasil no continente".
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Tais apresentações foram frutos de uma parceria com o coletivo conterrâneo, o Fórceps. Parceria essa que nos permitiu enxergar e entender os novos horizontes da música independente atual.

Sobre o show... Todas as condições estavam favoráveis para nosso objetivo sonoro. Um ambiente em que o silêncio faz parte da performance artística e ajuda em todas as intenções musicais. O público, muito receptivo e caloroso. Os outros músicos, no backstage, todos simpáticos e interativos. Mais uma boa experiência, não menos.
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E os próximos passos fofoqueiros vão sendo traçados aos poucos. É só aguardar as cenas dos próximos capítulos.

terça-feira, agosto 25, 2009

a dois

e só ouço sua respiração
no afagar da madrugada que passa
como é bonito teu rosto na penumbra
e na pouca luz que resta, seu olhar brilha mais

a sombra das arvores dançam na parede
e tentam chamar a minha atenção que é sua
não imaginava que aceitaria meu convite
para viver sem pensar demais

sempre reparei teus cabelos
e eu amei quando sua barriguinha apertei
e rapidamente achou meus caminhos
por onde me perdi sem saber voltar

o que falta pra noite senão mais você?!
o vinho que por isso abandonamos
numa outra noite quase louca
e entornamos no descontrole de quem não resiste

te desejo todas as noites
e te anseio pelas tardes afora
manhãs que não te encontro
quase sempre lamento nos sonhos que tive

me explica o destino disso tudo
não há destino
nem um solo de guitarra
só o silêncio de respeito por nosso amor

vejo nos teus olhos irresistíveis
a vontade de nunca partir
vontade minha, não menos
como dois e dois, ficamos

sua respiração me alimenta
e ela se alimenta de sua existência
vem me dar teu corpo
e seremos felizes pela noite inteira.

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Poema criado com o parceiro Peco Ferger.


domingo, agosto 23, 2009

Nus

Corações que se disparam
Almas que se desprendem do corpo

Palavras que sobrevoam
A existência do incompreensível

Mentes em suspensão
Ao toque desencadeante
Do sublime estado de espírito


sexta-feira, agosto 21, 2009

Fofoca Erudita no Sabará Musical



Fofoca Erudita
no Sabará Musical!
Apresentação dia 27 de Agosto, quinta-feira.
Casa da Ópera, Sabará - Rua D. Pedro II, Centro
ENTRADA GRATUITA, horário: 20:30

Vamos abrir a apresentação do
Coletivo América Contemporânea

Retire seu cinvite no site:
www.bangaloproducoes.com.br

domingo, agosto 09, 2009

Cuba Feliz e Che

Ouço canções cubanas. Na memória aquele sentimento de extasiamento musical ao assistir Cuba Feliz e logo me embebedar mais um pouco do revolucionarismo cubano em Che. "Chan Chan", do Buena Vista Social Clube, inspira várias paródias, mas seu balanço é único, assim como as aventuras musicais de El Gallo.

Quem em sua adolescência nunca se sentiu revoltado e/ou simpático às causas revolucionárias cubanas? Quem nunca cultuou, mesmo que em íntimo, a figura de Che Guevara? Quem não se emocionou ao assistir "Diários de Motocicleta" (trilha lindíssima também)? Quem nunca quis resolver, ou que alguém pudesse resolver as dores do mundo?

Na última semana me senti mais próxima da ilha depois de assistir a duas produções audiovisuais que me tocaram bastante. Na primeira sessão quem tomou conta da tela foi Cuba Feliz. Um road movie estrelado por um dos cantores mais populares de Cuba, Miguel Del Morales, conhecido como El Gallo.

Percorrendo por cidades cubanas, movido pelos típicos rum e charuto, El Gallo se encontra com antigos e novos amigos em situações totalmente musicais. O filme é um grande sarau de melhor qualidade. As cantorias no passeio da rua, no quintal de casa, na cozinha e em outros tantos ambientes cotidianos me fez sentir muito aconchegada. Além disso, a improvisação dos cantores que inventavam na hora letras engraçadas e cheias de gracejos. Muito feliz o filme. Assisti sorrindo, rs, e com a mente dançante...

Logo depois, ainda contaminada pela língua espanhola, coloquei para rodar o longa que conta a parte revolucionária da história da ilha. Che. Uma grande produção não cubana dirigida por um diretor não cubano e estrelada por atores que não são cubanos. Mas, o sentimento... mesmo para mim que não sou cubana e nem conheço tantos cubanos assim, o sentimento que fica parece legitimamente cubano. O ideal de revolução e a vontade de trazer a um povo mais justiça e igualdade. Porém com um preço muito alto a se pagar. Numa revolução armada o que se faz na verdade é uma guerra. Não gosto de filmes de guerra. Ver gente morrendo e se sacrificando por uma nação não é lá uma coisa que me dê prazer de assistir. Sei também que as guerras acontecem no mundo todo e que muitos não podem fugir delas.

O que me inspira em Che é seu investimento em pessoas que ele não conhecia. Um povo que vivia dia após dia dificuldades de situação desumana. Me lembro das aulas de política, de neoliberalismo, de mídia e cultura na faculdade e das intermináveis discussões a respeito das diferenças sociais e culturais dos mais variados locais no mundo. Discussões que faziam vir à tona tantas opiniões diferentes e que, normalmente, não chegavam a lugar qualquer. Exatamente o que não vejo, bem no início do filme, quando Fidel e Che conversam sobre a situação do povo cubano e os primeiros planos para a tomada de poder. Taí a grande diferença.

Logo verei a segundo filme que continua a história do líder revolucionário. E enquanto não vejo prefiro me divertir somente com as canções cubanas...

_no player_ Buena Vista Social Clube_"Dos Gardenias" e "Besa me mucho"

quinta-feira, agosto 06, 2009

Para se comportar

Que peso é esse que carrega
que te deixa assim de olhar caído?
Não há por que se entristecer
Não há por que ter medo de ser feliz
A gente não aprende a sentir
só sente e é
Esqueça as dificuldades
todas são passageiras
E o sorriso, que é fácil de estampar,
deixe-o à vista
pra nunca mais esquecer
de como se comportar.


quarta-feira, agosto 05, 2009

Escambo 2009

Depois de quase duas semanas da realização do grande festival anual do Coletivo Fórceps, o Escambo, venho dar meu singelo testemunho da experiência de participar desse acontecimento.

Como os leitores assíduos deste espaço já sabem, sou integrante do coletivo já há alguns meses, fazendo parte do núcleo de comunicação. Por isso uma das minhas funções no festival era de cobri-lo jornalísticamente. Além disso, também escrevi os textos de locução da apresentadora dos shows, ajudei na barraquinha e ainda toquei com a minha banda no derradeiro dia de programação. Por conta disso, uma ressaca me abateu nos dias seguintes ao evento, mas foi ressaca boa.

Estiveram presentes coletivos de todos os cantos do estado de Minas Gerais e ainda representantes de Mato Grosso, de São Paulo e Goiás. Depois de 1600 bandas inscritas, subiram ao palco 17 bandas em 3 dias.

E o que é um festival sem oficinas? Foram realizadas 8 oficinas com grandes nomes como Bruno Kayapy e Yanã Benthroldo do Macaco Bong e Kuru Lima da Produtora Cria Cultura.

Além disso teve cinema na rua com o Cinebrasa e ainda um seminário sobre políticas públicas culturais no interior de Minas, com a participação do Fora do Eixo Minas, a Superintendente de Interiorização da Secretaria de Cultura do Estado de Minas Gerais e o Secretário de Cultura de Sabará.

A cobertura alheia do festival ficou por conta da maioria dos coletivos que estiveram presentes. Por conta disso, não sentimos (comunicação do Fórceps) a necessidade latente de fazer mais do mesmo. Fizemos um vídeo sim, mas com um outro ângulo, talvez mais institucional. Confira abaixo e se prepare para a próxima edição no ano que vem!