terça-feira, maio 20, 2008

natureza selvagem

É como um sonho. Largar tudo e fugir prum lugar calmo e livre. É negar uma vida por um ideal. Into The Wild é assim pra mim, livre como o vento e calmo, sempre calmo.

É ter consciência do que fazer, do que pode ser feito pra ser feliz enfim. Ele queria ser feliz, quem não quer? Largar as obrigações familiares, sociais, o trabalho. Todos esses vínculos na maioria desnecessários para ser feliz, mas exigidos pela vida social, que tem todas suas regras. Essas regras que deixam qualquer um sonhador de um mundo livre, sem burocracias, sem falsidades
sociais, sem meias palavras de uma vida de mentira. Não ter de vestir-se bem sempre, não precisar de um carro, de restaurante, de lojas, de consumir qualquer coisa desnecessária.

A vida é muito simples. É simplesmente viver. Para isso basta comer e manter a saúde sempre bem, e para isso não precisamos de vestidos caros, jóias, Mercedes, nada disso. Sentimos fome do mesmo jeito que um sem teto de baixo da ponte, a única diferença (e me incluo nessa) é que na maioria das vezes podemos comer quando estamos com fome, eles não. E por que isso? Por que não podem comer quando se rasgam por dentro de tanta fome? E emagrecem cada vez mais sem poder sustentar o próprio peso.

Voltamos ao antigo tema escolar, mas não menos importante ou recorrente na vida cotidiana: tudo é culpa do capitalismo? Será mesmo a melhor forma de viver? Será mesmo que tanta oferta, tanta “liberdade” de compra e venda é necessária? O problema é que a idéia desse modelo não previa um preceito humano, o da sobrevivência em detrimento de outro. Não somos uma espécie muito solidária, apesar de sempre vivermos em comunidades e dependermos sumariamente uns dos outros. Esse instinto de sobrevivência está atrelado a significados especificamente humanos e de um universo cruel. É preciso estar melhor perante o outro, não igual. Nunca igual. Queremos ser sempre superiores e isso é sobrevivência.

O que mais me embeleza os olhos quando vejo a trajetória de Chris é que ele não teve medo de “não sobreviver” e foi atrás de uma vida que era muito melhor. Renunciou objetos de valor e até mesmo o amor de outras pessoas. Renunciou o que achava falso, desnecessário e no fim descobriu a verdade nas entrelinhas da vida. Tudo poderia ser posto de lado, o material, mas as pessoas e o amor? Como poderia? Renunciar também ao amor? Não, o amor é além disso tudo. Muito além.

Christopher McCandless foi um jovem que realizou um sonho e descobriu como é a vida. Um poeta, filósofo, desbravador. Corajoso e boa fé. Não sei mais como descrevê-lo. Lindo, um rapaz lindo por dentro e por fora.

Aos 23 anos, logo depois de se formar na faculdade, que inclusive fez para satisfazer o pai, decide abandonar tudo e seguir o caminho que acha mais certo. Tem um destino, o Alaska. Faz uma mala, doa todo o dinheiro pra uma instituição de caridade e enfrenta a estrada. Queima os documentos e o resto do dinheiro. Escolhe um novo nome e decide enfrentar o destino. Conhece
grandes amigos, faz outros. Ensina e aprende muito. Ao chegar na natureza gélida refugia-se e então a maior reflexão sobre a vida. A solidão, a natureza, o frio. Sempre tudo escrito pelos cantos por onde passou. Mas, alguns deslizes o deixam à deriva e o fim é trágico, porém em paz no final das contas. Missão feita e literalmente finda.

O mais bacana, ou trágico, é que a história toda é real. Realmente aconteceu e veio ao saber do mundo via um jornalista alpinista que pesquisou sobre Chris. Jon Krakauer então escreveu o livro Natureza Selvagem que foi roteirizado por Sean Penn. E mais, minha avó, que adora livros de aventura reais (já leu todos do Amyr Klink), leu este do Jon há anos atrás e fez várias explanações durante vários almoços de sexta. Então eu já conhecia a história quando me disseram que tinham feito o filme. Achei incrível e na hora em que assisti a película amei mais ainda...


Direção belíssima de Sean Penn. Trilha sonora original mais bela ainda de Eddie Vedder (ouço agora). Fotografia, atores, tudo. Perfeito. Ao menos pra me mostrar que os sonhos podem ser vividos e que ainda existe amor e jeito no mundo.

2 comentários:

Carlos Howes disse...

Eu morro de vontade de ver esse filme, então não vou mentir para você que pulei o post para não saber nada antes da hora de assistí-lo! =D

Anônimo disse...

Nossa mari,fiquei com muita vontade de ver o filme agora, rsrsrs vai ser o primeiro da minha lista quando eu for na locadora, rsrs. A simplicidade é o que nos torna mais felizes realmente, cada dia tennho mais certeza disso.