sábado, outubro 18, 2008

cine indie #1


Então o Indie passou e eu acompanhei quase que cada passagem, cada passo. Das 121 sessões durante os 7 dias de festival, dos 134 filmes de 17 países consegui assistir apenas a 10 longas. Do jeito que deu assisti ao máximo, mesmo com sono ou outras programações pendentes... Persisti.

Nas filas muitas conversas e pessoas novas a todo o momento. Talvez o mais interessante de festivais... conhecer pessoas e trocar contatos e as mais variadas informações. Rever amigos e levar outros desacostumados à boa cultura e, no final... boas conversas na mesa de um bar.

A contabilidade final do Indie deste ano foi bem positiva. Dos 10 filmes que vi posso dizer que pelo menos a metade valeu muito a pena. Uns talvez foram no momento errado,
outros eu nunca recomendaria a ninguém vê-los, coisa de gosto. Mas uma coisa é certa: uma mostra de cinema independente com uma qualidade como essa é muito gratificante e estimulante. É uma prova de que bons filmes podem ser feitos das mais diversas condições, financeiras e técnicas.

Segundo meu ranking pessoal farei aqui a ordem crescente em qualidade, para que no final tenhamos uma bela sobremesa!

10°_ Ferias ("Ferien", dir Thomas Arslan, Alemanha, 2007)
9° _ Deixando Barstow ("Leaving Barstow", dir Peter Paige, EUA, 2008)
8° _ A Ameaça ("La Minaccia", dir Silvia Luzi e Luca Bellino, Itália/Venezuela, 2008)
7° _ Estrada 20 ("Kokudô Nijûgô-sen", dir Katsuia Tomita, Japão, 2007)
6° _ Como Ser ("How To Be", dir Oliver Irving, Reino Unido, 2008)
5° _ Rio ("River", dir Mark Wihak, Canadá, 2007)
4° _ A Fotografia ("The Photograph", dir Nan Triveni Achnas, Indonésia, 2007)
3° _ Palmas Brancas ("Fehér Tenyér", dir Scabolcs Hajdu, Hungria, 2006)
2° _ Fix ("Fix", dir Tao Ruspoli, EUA, 2007)
1° _ A Cabeça de Mamãe ("La Tête de Maman", dir Carine Tardieu, França, 2005 )


Mas, como o tempo é pouco, escreverei aqui a conta gotas. E vocês também terão mais tempo para digerir os comentários...

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10° lugar

Ferias ("Ferien", dir Thomas Arslan, Alemanha, 2007)


Depois de ter assistido a um filme talvez mediano, vou novamente para a fila lá fora deste filme. Na sinopse parecia interessante, salvo o ar de depressão que senti na foto da programação. Tudo bem, encarei de bom grado o segundo filme do dia, afinal estava disposta a passar ali o resto do Indie intensamente cinéfila, já que era o último dia de festival.

Bom, se pudesse resumir tudo numa única palavra seria a palavra 'tédio'. Um tédio to
tal. Todo o filme, toda o enredo. Os personagens, as paisagens, as movimentações. Tudo é parado demais. Soa até falso.

Um filme que conta do vazio da vida de uma família, de seus problemas mal resolvidos, de suas relações conturbadas. Fala da calma do campo sem qualquer charme ou beleza. E o clima de fim de domingo em que pode predizer grandes acontecimentos ou o tédio total é constante.

O longa tenta retratar uma família e suas relações, mas não se atém a nenhum foco. Nem mesmo só a família. E talvez o foco fosse mesmo a paisagem de sítio, da calma do campo... E sinceramente, se foi essa a intenção de seus realizadores não ficou muito claro e nem convidativo. Ou seria mesmo só o jeito de contar como é passar as férias em família. Mas daquelas famílias que sempre se espinham quando se ajuntam.



Os planos são na maioria abertos e nem a paisagem merecia tão vaga atenção
. E as cores pouco exploradas. É tudo parado demais, esperando uma tempestade, um vendaval, uma coisa qualquer. Sabe a ressaca do mar?

E quando um personagem morre e você acha que ali é o ápice do drama, não se vê única lágrima. Não se ri nem se chora. É um filme frio em que nem a brisa, super presente nos cafés na mesa do jardim, tem seu merecido lugar, apesar de chamar a atenção do espectador quando 'briga' com o jornal do moço ou avacalha os cabelos da senhora. No fim fica só a sensação de que se viu um filme para nada. Sem catarse nenhuma.

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9° lugar

Deixando Barstow ("Leaving Barstow", dir Peter Paige, EUA, 2008)


Pra começar não era pra eu ter visto este. Nos planos estava ver aquele documentário sobre a Venezuela e o governo Chavez na sala ao lado. Meu amigo já estava lá me esperando sair da outra sessão para vermos juntos. Mas minha irmã, com seu jeitinho meio discreto de dizer "fica comiiiigo", me puxou pra outra fila. Ficamos pra ver um drama de tom adolescente e nem um pouco atrativo já de início (e isso só lendo a sinopse e observando a foto de divulgação).

Mais um filme de conflitos adolescentes. Não que não seja importante retratar esses conflitos de alguma forma, mas é que a maneira foi assim... um pouco insossa. Talvez a paisagem e o clima desértico do oeste americano... Com aqueles cenários áridos e sempre muito suados. Fico me perguntando se as pessoas tomam banho nesses lugares.

Aquela famosa imagem de lanchonetes americanas com suas garçonetes sofre um pequena mudança se transformando num restaurante chinês. Parece até bizarro, no meio do nada americano um restaurante chinês onde se trabalham mulheres de meia idade cheias de sonhos e vontades, mas todas frustradas.

A impressão mesmo é que nesses áridos lugares não existe alegria ou qualquer vontade de vida. Há os que se matam, os que se mudam, os que fogem. E quem fica está triste a aceita essa condição simplesmente. Não dá pra entender. Realmente não dá. E isso se repete em quase todos os filmes desse cenário. Resta-me pensar que a realidade não é diferente.

No final, se você gosta de personagens sem as rédeas de seus movimentos, sem vida, sem graça, sem borogodó nenhum, vai gostar do protagonista. O que salva é a paixonite do garoto que 'deixa Barstow'. Ela sim tem vida. Mas infelizmente ninguém mais. Não pra mim...


Entretanto o filme tem uma ótima qualidade técnica. Os atores são bons, a luz, as cores, a imagem, tudo... Pena a história ser tão sem graça. Inrrecomendável.

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Aguarde os outros lugares da lista, rs.

Até.

Um comentário:

Carlos Howes disse...

Anotando as dicas..