sexta-feira, junho 26, 2009

CINEOP 2009

Ainda não tive muitas oportunidades de experienciar diferentes festivais de cinema, mas taí uma programação que muito me agrada. Em BH sempre compareço e acompanho o Indie, e pelo estado mineiro a Mostra de Tiradentes e (desde esta edição) o Cineop.


No último final de semana (20, 21) estive na antiga capital mineira, Ouro Preto. Com toda sua pompa colonial e aquele frio de começo de inverno, a cidade recebeu para o evento mais de 20 mil pessoas. Público que acompanhou as exibições de 71 filmes, entre longas, médias e curtas em 6 dias de programação.

No pouco tempo disponível para a apreciação cinematográfica pude assistir a duas estréias (sim, por que aquelas exibições dos anos 70 já basta a programação do Canal Brasil, né?!), “Alphaville” e “Um Homem de Moral”. Dois documentários, o primeiro sobre um dos condomínios paulistas Alphaville e o segundo sobre o compositor Paulo Vanzolini.

“Alphaville” (dir. Luiza Campos - SP - 2009) se trata de um retrato em macro da vida monótona dos habitantes de um dos condomínio Alphaville, em São Paulo. Sempre achei esses condomínios um misto de prisão com conto de fadas. Onde a lógica de assepsia está em tudo, até nas pessoas. Para adentrar o local, 24h horas vigiado dentro e fora, é preciso passar por um processo minucioso de inspeção, em que os 'infectados' não passam. E os habitantes locais pensam viver num ambiente perfeito.

Não soube ao certo o que sentir. Um misto de dó e repugnância. Pessoas fugidas da violencia se auto-encurralando, deixando serem vigiadas e controladas por um suposto bem maior: a segurança. Me fez lembrar de vários outros filmes de ficção científica em que há sempre uma mente perversa que controla a todos. No final do média a diretora descreve bem o sentimento daquele povo, vivem com "medo do diferente". Se isolam e se padronizam com o terrível sentimento de medo do diferente. Não culpo aqueles que vivenciaram terríveis ocasiões com a violência (por exemplo), mas me pergunto, se não tivessem dinheiro suficiente para viver num lugar desses qual teria sido a melhor saída?!

“Um Homem de Moral” (dir. Ricardo Dias - SP - 2009) me despertou lembranças e saudades da época de criança, quando a canção “Cuitelinho” era trilha sonora de encontros com amigos dos meus pais, quando a cantoria durava horas a fio. Descobrir que aquele homem foi quem fez as duas últimas estrofes dessa canção, que sempre me acompanhou, foi daquelas boas surpresas da vida.

Ao avançar do documentário pude conhecer um grande compositor que brincava com as palavras e histórias, sem levar muito a sério essa coisa de composição. Um filme muito simples e sensível feito por alguém que conviveu durante muito tempo com o personagem principal, e por isso mesmo colocou todo carinho na produção. Um filme para quem gosta de samba, de boas canções e boas histórias. Afinal, toda boa canção guarda uma boa história.

Com a temática focada na figura feminina dos anos 70, a Mostra intercalou produções setentístas e as impreteríveis estréias nacionais e mundiais. A presença da homenageada Zezé Mota foi um dos altos do evento, um dos acontecimentos que eu queria ter conferido de perto, mas que não me foi possível.

Final das contas, assisti a duas ótimas produções inéditas e fiquei satisfeita. Acho que é isso que qualquer produtor que se preze ia gostar de ouvir do público de seus eventos. Pois bem.

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