segunda-feira, fevereiro 04, 2008

carnaval brasileiro, oras

Me pego pensando e perguntando se sou realmente daqui, do Brasil. Talvez por não gostar tanto assim de carnaval, uma das coisas que identificam um brasileiro. Ou talvez por não ter lá um corpo escultural, rs. Ou ainda por não ser amante de futebol (torço mesmo só na copa, mas estou pensando em parar com isso também). Mas adoro caipirinha sim e feijão tropeiro...

Mas voltemos ao carnaval. Tanta gente fica o ano inteiro esperando os incríveis 5 dias (ou mais!) de completo esbaldar (em todos os sentidos, é claro)... Deve ser o tipo de música repetitiva e irritante, ou aqueles corpos suados todos relando uns nos outros... Não sei, mas não morro pelo carnaval, não mesmo.

Pra falar a verdade sempre sou pega de surpresa quando o carnaval chega. Primeiro pela data, que cada ano é diferente, depois porque me faltam amigos suficientemente animados pra me contagiar, rs. Nunca estou em um bloco e nem tenho fantasia pronta. Mas se quero sair abro aquele baú velho lá no sótão e tem tudo lá, desde cigana até gueixa, rs.

Na rua as coisas ficam mais tensas. Um mundo de homens ouriçados com suas latinhas e liquidos não identificados em recipientes diversos, pode ser um pet 2 litros ou mesmo aquelas mochilinhas de armazenar água de ciclistas. Então passa um bando de meninas gritando tresloucadas e fantasiadas de coelhinha da playboy. E eu lúcida alí no meio? aiai... "Moço, me dá uma cerveja bem gelada." E estou um pouco anestesiada.

O funk, o axé, isso tiramos de letra, mas aquelas cantadas nojentas e os olhares, isso é duresa. O jeito é não parar de andar pulando desgovernadamente sempre em bando de três ou mais pessoas. Procurar os vazios que dá na rua e pular ali no meio, correr pra ver a bateria de perto ou simplesmente sair andando.

O meu carnaval foi sempre do "Piranhas do Morro", se é que posso dizer, meu bloco do coração e de bairro! O melhor bloco caricato do carnaval de Sabará, e o mais engraçado com certeza. Uma das melhores coisas é sair só pra ver as fantasias daqueles que pulam com o bloco, cada uma melhor que a outra. Mas este ano não saí não. Aqui é só chuva e os ânimos não estavam (ou estão) muito alegres. Reservei esses dias para fazer umas gravações da minha banda, Fofoca Erudita. E fiquei lá no estudio armado na casa da minha irmã quando vim pra cá e recebi a notícia do maior desastre do carnaval sabarense.

Na noite de sábado, um carro de som perde o freio numa ladeira e atropela 14 pessoas matando 2 crianças. Me senti no vazio com a notícia. Talvez por ter uma sobrinha com a idade das garotas ou pelo fato de ter sido num local tão ícone da cidade, cheio de lembranças boas, e cheio de gente conhecida. Triste, muito triste. Então no dia seguinte o carnaval mudou e uma certa nuvem tomou conta daqui. Não para de chover. Os carros de som foram proibidos pela prefeitura e o trajeto dos blocos também sofreram alterações.

Carnaval é bom, mas as pessoas esquecem de que aquilo ali num é um sonho, é vida real também. Não é por que estão alcolizadas é que tá tudo bem e tal... Tudo tem consequencia, tudo tem risco, tudo é real. Não tô botando a culpa em ninguém, mas é que paira uma certa inconsequencia nas pessoas durante esses dias.

Na verdade, fora as catástrofes, concordo com a Jaya a respeito do carnaval. E a sorte minha é que aqui o carnaval é de rua e meio rústico comparado aos trios elétricos da Bahia, que de certa forma tenho lá minha curiosidade de conhecer, rs.

2 comentários:

Jaya Magalhães disse...

Haha. Moça, quando for vir à Bahia, venha antes do carnaval, por favor! Rs.

E bom, eu vi no jornal as notícias daí de Sabará. Triste. Muito triste. Espero que tudo tenha ficado em paz com as famílias.

E bom, carnaval acaboooou! Amém, Aleluia!

:)

Beeeeijo.
:*

-É tãaaaao bom ler teus comentários, viu? Pode ter 100 comentários em cada post, mas não estará completo até ter o teu. É que, não conta pra ninguém, mas o "Na Divisa" é dos favoritos de sempre.

Carlos Howes disse...

Nos meus últimos anos, o meu carnaval foi entre as quatro paredes da minha casa. Neste ano não foi diferente. Acabei entre alguns estudos, filmes e cama. Eu até gosto do carnaval das letras do chico, das marchinhas, do que ouvi dos meus pais, mas não desse que você bem descreveu e que eu vejo nas ruas das cidades quando saio por aí.