terça-feira, novembro 14, 2006

interrogativa

foto Mariana QLima
chega de citações
de referências
será que ninguém faz algo novo?
não se pode inventar?
trocar as bolas da vez
parecer louco
falar bobagem
mas só pra não dizer
o que todo mundo diz?
será que tá tudo inventado
num tem ninguém criativo por aí?

o que você está fazendo?
pode variar de página
de vida
de olhar
de fala
escreva o que nunca escreveu
diga a sua opinião
não tente omiti-la
pois ficará mais evidente
o quão parcial pode ser

pode por favor ser alguém autêntico?
falar do que pode ser um dia
em vez de falar somente do que já foi
poderia sonhar mais?
criar futuros pros personagens
colorir a lápis esse painel
encher de chocolate as lacunas
tomar banho de banheira com muita espuma
tomar refrigerante de canudinho no formato do mickey?

pode por favor comer a nova marca de biscoito
sem dizer que aquilo é plágio?
pode parar de comparar um pouco as pessoas?
pode parar pra ouvi-las a voz?
pode por gentileza tirar os pés da mesa
e limpar a sola na soleira?

pode às vezes pedir por favor
e agradecer no final?
sorrir como se o dia estivesse claro
e você encontrado um lindo amor?
poderia tomar água num copo de vinho?
pode falar por si só?
pelo menos uma vez na vida!?!


pode falar por si só??
ou um dó mi lá sol...
mas pelo menos canta a tua fala pra ficar mais bonito.


...

escapuliu.
se te machuco vê se estanque o nó da gravata.
mas pode por favor sair de perto?

3 comentários:

Anônimo disse...

antigamente havia toda uma batalha pela singularidade, contra a massificação; pelo poder da diferença, contra a uniformidade. essas dominações e resistências remetiam a uma imagem do poder ancorada nos Estados fascistas e/ou totalitários, todos os zumbis que sustentavam as máquinas de guerra. a resistência diz: viva o indivíduo contra a indústria cultural, o indivíduo contra as massas manipuladas, a originalidade contra a reprodução, a alma do poeta contra a frieza do mundo. a coisa se complicou um pouco desses tempos pra cá, porque o capitalismo é plástico, e absorve pra si todas as bandeiras de resistência. hoje as grandes companhias também esperam de vc que vc seja singular, criativo, desejante, explorador de novos horizontes. acho que as resistências se refizeram em outra pergunta: como ser massa, matilha, bando? como viver os desejos coletivos? como fazer pra existência não se fechar e não se resumir na mônada do indivíduo, e se entender a subjetividade, enfim, como uma política? - talvez a maior de todas as políticas. beijos, beijos, menina maria.

Amanda Beatriz disse...

Muito bom esse texto! E muito obrigada pelo comentário no meu blog! Me fez me sentir bem!
Levei um susto a princípio, mas pelo que pude perceber você achou meu blog no blog do Howes, neh?! Valew mesmo! Vou tentar seguir seu conselho!
=*******

Maria Renata disse...

Machucar não machucou, essa é a bronca que eu queria passar em muita gente, saio de perto porque todo mundo precisa de espaço, mas que fique expressa a mensagem de todo mundo matar um pouquinho do seu ego!

beijos ;**

PS: saio de perto mas volto, tá?